terça-feira, 11 de março de 2008

O fotojornalismo vai além de uma boa fotografia

Por Kleyton Miguel Prsidente

O fotojornalista Albari Rosa foi um dos convidados na primeira noite do I Ciclo de Debates sobre Jornalismo e Novas Produções Universitárias da Unibrasil. Ele falou, entre outras coisas, sobre a escassez de profissionais qualificados para o mercado de trabalho e a preocupação em relação às fotografias adquiridas gratuitamente pelas agências.

Experiente profissional, Albari, que trabalha na Gazeta do Povo, afirmou que os veículos de comunicação estão cada vez mais exigentes na hora de selecionar fotojornalistas. “É necessário ir além de uma boa fotografia. Quando não tem um repórter para nos acompanhar é nossa obrigação conseguir o mínimo de informação a fim de construir um bom texto”. De acordo com ele, em média 20% dos graduados em jornalismo trabalham com o fotojornalismo. “É essencial que a pessoa tenha uma formação acadêmica. É uma exigência do mercado. Antigamente era apenas tirar fotografias. Hoje você precisa ter outras habilidades”.

Ele criticou incondicionalmente as imagens cedidas gratuitamente para as agências de notícias. Segundo ele, isso pode desencadear um estreitamento do mercado e até mesmo o fim dele. “É necessário o fotógrafo cobrar, mesmo que seja um valor simbólico. Se isso continuar acontecendo, vai chegar um dia em que as agências e os veículos em geral não vão mais pagar por nenhuma fotografia. Não vão contratar profissionais. Isso é muito grave”.

Entre as histórias que contou, lembrou da denúncia do jogo do bicho feita por ele, ao fotografar o local utilizado para a prática de jogo ilegal e que resultou em ameaças aos proprietários do jornal. “Foi algo realmente perigoso. Se me pegassem, certamente seria agredido”.

Ao ser questionado por um aluno sobre o que é necessário para ser um bom fotojornalista, Albari Rosa finalizou dizendo que não existe desafio insuperável e que tudo depende da força de vontade do profissional. “Se tiver que entrar em bingo, em puteiro, por causa de denúncias de exploração sexual... vamos lá. O fotojornalista, acima de tudo, precisa preservar o papel social que desempenha diante da sociedade”.

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